"Posso todas as coisas, NAQUELE que me fortalece." Fil.4.13

UMA TORRE EM EBULIÇÃO

SENTIMENTOS E EMOÇÕES A FLOR DA PELE EM PROSA E VERSOS

Textos

Quem foi a vovó Delfina Francisca?
Falar de nossa avó Delfina, não é uma tarefa fácil de realizar, considerando a escassez de informações a respeito dela. O pouco que sei foi dado pela mamãe e suas irmãs Maria Nunes e Tia Geminiana (todas in memoriam).
Elas falavam que vovó tinha pele clara, cabeleira negra, bem cheia e madeixas longas, um cabelo bem negro e brilhante. Como todos sabemos que naquela época o tratamento capilar não se usava shampoo ou qualquer tipo de condicionador ou creme de qualquer espécie, mas o tratamento in natura de azeite de mamona antes de lavar com sabão de coco babaçu, não deixava nada a desejar para os mil e uns tratamentos e produtos industrializados para tal finalidade.
Mamãe e suas irmãs costumavam dizer que vovó foi uma mãe muito zelosa, cuidadosa e bastante prendada. Como esposa submissa suportava as “puladas de cerca” do seu sinhô, como ela tratava seu marido. Era muito cordata com suas “criadas” naquele tempo. Nossa avó veio de uma família abastada, cujos pais tinham excelente condições financeiras, como terras e fazendas, empregados, etc. lembro bem de suas irmãs, a Tia Maria, apelidada pelos próprios familiares de Mana, então a conhecíamos como Tia Mana, morava tambem na Santa Fé; seus filhos eram Maria e Graça, não recordo se tinha outros. Outra irmã da vovó Delfina era a Sebastiana, conhecida como “Bigo” e nós a chamávamos tia Bigo. Já as conheci idosinhas, e nos tratavam muito bem quando ainda crianças nossa mãe nos levava para passear lá na sua terra.
Era comum aquelas tiazinhas nos receberem com bolos de tapioca, de puba fresca, batata cozida, etc., para um bom café e ali na Santa Fé, lembro bem, não tinha luz elétrica, mas depois do jantar, ficávamos na frente da casa de onde estávamos hospedados, com a criançada do lugar brincando de correr, de cantigas de roda e outras brincadeiras daquele nosso tempo, enquanto os adultos jogavam conversa fora lá no terreiro da casa, “termo” referente à frente da casa onde era a área preferida pelos adultos para junto aos amigos, conversarem sobre as suas histórias de vida.
Pena que não chegamos a conhecer nossa avozinha materna, nem tão pouco conviver com sua atenção e carinho de avó. Ser mimados por avós, sempre foi e será um sonho de todos netos desse mundo. Como nós, seus netos e com certeza seus bisnetos gostaríamos de tê-la conosco até hoje.
Sempre soubemos que a vovó Delfina costurava muito bem, bordava, e fazia muitos quitutes deliciosos. Fazia do leite de vaca de suas fazendas, o doce de leite, creme de leite, coalhada, requeijão, manteiga de garrafa, bolos de vários tipos, e tantas outras comidas deliciosas.
Mamãe colocou o nome de minha irmã Delfina em homenagem a nossa avó, que faleceu um dia após minha irmã nascer em 17/11/1961. Momento difícil para nossa mãe que ainda de resguardo, teve que passar por esta dor terrível, uma vez que nossa avó já estava muito doente, já vinda da capital com mamãe que a havia levado para tratamento na capital. Desconhecemos qual enfermidade acometida a vovó Delfina, ainda mais que naqueles anos 60, a Medicina ainda era bastante precária.
Sua partida fora no dia 18/11/1961, também era aniversário do vovô Sinhorzão. Foram momentos muito tensos para nossa mãezinha Creuza. E por ironia do destino mais uma vez, esse ano de 2024, exatamente no dia 17/11/2024, mamãe partiu para os braços do Senhor, estes são mistérios de Deus que jamais compreenderemos.

Lêda Torre
São Gonçalo do Amarante (CEARÁ)
Em 22/02/25
Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 22/02/2025
Alterado em 24/02/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras